Dirigente que denunciou esquema de manipulação de resultados detona punição de Bruno Henrique

Presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo delatou esquema envolvendo apostas esportivas e vê grande discrepância entre punição de jogador do Flamengo e de outros atletas: “Muito branda”
Autor da denúncia que deu origem à Operação Penalidade Máxima, que revelou e combateu um grande esquema de manipulação de resultados no futebol por meio de apostas esportivas, o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, criticou a punição aplicada ao atacante Bruno Henrique, do Flamengo.
O jogador rubro-negro foi multado em R$ 100 mil em julgamento na última quinta-feira, no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), e está liberado para jogar.
Bruno Henrique foi denunciado por forçar um cartão amarelo e beneficiar apostadores em 2023, em um jogo contra o Santos, no Mané Garrincha, pelo Brasileirão.
No julgamento em setembro, o STJD o condenou a 12 jogos de suspensão. Desde então, o atacante vinha atuando sob efeito suspensivo – agora ele está liberado definitivamente para jogar.
Para Hugo Jorge Bravo, a punição aplicada ao atacante do Flamengo deveria ter sido exemplar e destoa da punição aplicada a jogadores de divisões inferiores, como o próprio Vila Nova.
– Eu fico muito confortável em tratar desse tema, porque, final de 2022, nós levamos a denúncia da manipulação de jogos ao Ministério Público do Estado de Goiás e isso culminou na Operação Penalidade Máxima, que que teve aí repercussão internacional e que foi um marco. Vendo o resultado desse julgamento (de Bruno Henrique), achei o resultado muito ruim. É um atleta de envergadura, punido com multa de R$ 100 mil, valor insignificante pro salário mensal dele. Há uma desproporção e uma incoerência entre as punições. A gente vê outro atleta, em uma divisão inferior (Série B), como a nossa, ser punido, de forma correta, com uma punição mais severa – disse Hugo Jorge Bravo.
– Quando se trata de certo ou errado, nós não podemos torcer, não podemos ter cor de camisa, não podemos ter condição social. A punição ficou muito branda. Para falar a verdade, não teve punição – completou o presidente do Vila Nova.
Dos jogadores do Vila Nova citados por Hugo Jorge Bravo, Gabriel Domingos, que teria apenas “emprestado” a conta bancária para o repasse do dinheiro das apostas, foi suspenso por 720 dias (dois anos). A pena já foi cumprida.
Já Romário, pivô da origem da denúncia, chegou a ser banido pelo STJD, mas a punição foi reconsiderada e ele pode jogar novamente.
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Hugo Jorge Bravo foi o autor da denúncia que deu origem à Operação Penalidade Máxima — Foto: Roberto Corrêa / Vila Nova F.C.
Operação Penalidade Máxima
Em maio de 2023, 16 pessoas, entre elas sete atletas, viraram réus após investigações da segunda fase da Operação Penalidade Máxima.
Na primeira fase da operação Penalidade Máxima, oito jogadores de diferentes clubes foram denunciados pelo Ministério Público e viraram réus por participarem do suposto esquema de manipulação em jogos da Série B de 2022.
As investigações começaram depois que o volante Romário, do Vila Nova, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport pelo Campeonato Brasileiro da Série B. Ele recebeu um sinal de R$ 10 mil, e só teria os demais R$ 140 mil após a partida. Como não foi relacionado, tentou cooptar colegas de time – sem sucesso.
A história então vazou e o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, ele próprio um policial militar, investigou o caso e entregou as provas para o Ministério Público de Goiás.
Por Fernando Vasconcelos — Goiânia
