Flamengo demora a entender o jogo, tem ataque inoperante e aumenta pressão na Libertadores
Equipe fez péssimo primeiro tempo e passa longe de ter solução para um camisa 9 sem Pedro
“Cometemos cada vez mais erros e demoramos a entrar no jogo”, admitiu Filipe Luís após a noite desastrosa do Flamengo na Arena Castelão. A derrota por 1 a 0 para o Fortaleza, que complica a briga pelo título do Campeonato Brasileiro, nasceu de um jogo irreconhecível de um time que fez três grandes atuações após a Data Fifa. Com ataque inoperante, o baixo nível rendeu uma noite histórica aos donos da casa.
O insucesso do Fla não foi construído apenas pela péssima noite ofensiva, mas teve no setor o principal defeito. Diante do problema sobre como armar o time sem Pedro, Filipe Luís teve mais dúvidas do que respostas em Fortaleza. Optando por Bruno Henrique, o treinador viu o time errar praticamente tudo que tentou no primeiro tempo. Insistindo em jogar por dentro, a equipe facilitou a marcação adversária e demonstrou mais uma vez dificuldade contra times que ficam atrás e fazem a transição rápida.
O Flamengo demorou a entender o jogo. Atônito, Filipe Luís reagiu pouco no primeiro tempo e foi mais ativo na segunda etapa, representando aquilo que foi visto no campo. O time só foi entrar de fato na partida perto do intervalo, especialmente quando Jorginho melhorou e passou a participar com mais frequência. Mesmo assim, a defesa bateu cabeça e os três representantes do ataque não viveram um bom dia.
Primeiro tempo desastroso
O time carioca foi a campo com o que tinha de melhor à disposição, mesmo com a decisão na próxima quarta-feira. Sem Carrascal e Pulgar, Saúl ganhou a vaga no meio e Bruno Henrique acabou sendo a grande surpresa. Ayrton Lucas, substituto natural de Alex Sandro, também foi o escolhido na esquerda e Royal retornou à titularidade na direita depois de começar a Libertadores no banco.
Mesmo depois das declarações de Bruno Henrique admitindo não se sentir bem como centroavante, Filipe optou pelo camisa 27 centralizado. A ideia inicial treinada nos últimos dias era com mais inversões com Plata, mas, na prática, isso não aconteceu. O equatoriano ficou na direita e Lino na esquerda, com Arrascaeta aparecendo diversas vezes pelo centro para tentar as associações com BH.
Mal posicionado e desatento, o Flamengo cedeu três contra-ataques para o Fortaleza até finalmente sair o gol, que foi amadurecendo. No erro que começou com Arrascaeta e terminou na marcação à distância de Danilo, saiu a primeira e única bola na rede da partida com Breno Lopes.
O lado direito foi a principal válvula de escape do Fla no primeiro tempo, com a esquerda tendo mais problemas para furar a marcação do adversário. No entanto, quando a bola chegava aos atacantes, eles dificilmente geravam alguma oportunidade de perigo. O melhor chute nasceu dos pés de Emerson Royal. Apesar de ter melhorado coletivamente, as decisões erradas pesaram.
Segundo tempo melhor
O início do segundo tempo foi similar ao primeiro, mas o Flamengo melhorou a partir dos 15 minutos. Filipe Luís, como de costume, voltou sem alterações, mas percebeu logo que precisaria mexer. Aos sete, Luiz Araújo entrou na vaga de Bruno Henrique e iniciou um processo de melhora ofensiva que se consolidou com as mudanças seguintes, aos 19, com Wallace Yan e Michael terminando de alterar todo o ataque.
Até sair, Lino esteve completamente fora da partida e mostrou que Carrascal é o caminho natural na esquerda. Saúl também reafirmou a importância do retorno de Pulgar e não foi bem, apesar de ter criado uma grande chance com o chute de fora da área que ele vem tentando há algum tempo acertar.
Com a posse e o Fortaleza pressionado atrás, o Flamengo tentou, mas ainda esbarrou nos erros. Em alguns desses, o time da casa conseguiu pegar a bola e sair em transição rápida para assustar, gostando do jogo. Lentos, os cariocas viram Wallace Yan ser a melhor notícia da derrota.
Com as mudanças, Luiz Araújo ficou na direita, Michael na esquerda e o jovem flutuando bastante, mas aparecendo principalmente na esquerda. A equipe só foi voltar a ter uma referência quando Juninho entrou aos 42. Depois de dois meses sem atuar, o jogador teve uma movimentação interessante, mas a solução para o camisa 9 está longe de aparecer. Sem Léo Ortiz, Jorginho recuou para ajudar na saída de bola, facilitando no volume de jogadas da etapa final. Arrascaeta teve uma grande chance, mas a noite não era do Flamengo.
Filipe Luís agora conta com os quatro dias de descanso para ter o elenco completo à disposição contra o Racing, na quarta-feira, no jogo mais importante do ano. A equipe folga neste domingo e se reapresenta segunda, quando inicia a preparação e já viaja para a Argentina.
Por Luiza Sá — Fortaleza
