Lucas compara lesão a batida de carro, apoia Zubeldía e reforça coro contra sintético: “Outro esporte”

Atacante do São Paulo ficou sete semanas sem jogar depois de lesão sofrida no Allianz Parque; ao ge, em Lima, ele também fala de Libertadores, inspiração a garotos e relação com técnico
O atacante Lucas Moura é um dos mais experientes jogadores do atual elenco do São Paulo. Aos 32 anos, com passagens pelo futebol europeu e pela seleção brasileira, o jogador assumiu o papel de um dos líderes do elenco comandado pelo técnico Luis Zubeldía. É assim, aliás, desde seu retorno ao Brasil, em 2023.
Uma grave lesão no joelho direito, porém, tirou Lucas de combate nas últimas sete semanas. O atacante se chocou com o gramado sintético do Allianz Parque na derrota do São Paulo por 1 a 0 para o Palmeiras, pela semifinal do Campeonato Paulista, no dia 11 de março. Ele só voltou a jogar na última sexta-feira, por 25 minutos, contra o Fortaleza.
– É difícil cravar (que o gramado sintético causou lesão). Não tem como saber. O que posso afirmar é que foi um impacto muito grande. Os médicos me disseram é que foi um “trauma de painel”, que eles chamam, “lesão de painel”. Como quando você está dirigindo um carro, bate e o painel do carro bate muito forte aqui nesse joelho.
– Foi isso o que aconteceu. Quando caí, bati muito forte no chão e aí acabou causando muita dor. No dia seguinte não conseguia nem dobrar a perna direito. É difícil saber se no gramado natural iria ter menos impacto ou não. São coisas que não temos como cravar – disse Lucas.
Em Lima, no Peru, Lucas atendeu o ge para falar sobre temas atuais no São Paulo: a pressão sobre o trabalho do técnico Luis Zubeldía; o coro de atletas contra gramados sintéticos, do qual é um dos líderes; a ascensão de garotos revelados em Cotia e agora titulares da equipe; e a volta aos jogos depois do período afastado pela lesão no joelho direito.
ge: Como foi o período sem jogar? Foram quase dois meses fora…
– Muito difícil. A pior parte para um atleta é não poder jogar, ficar fora. É ficar impossibilitado de fazer o que mais ama. Desde quando voltei, foi a lesão mais complicada, que demandou mais tempo de recuperação, quase sete semanas fora.
ge: O gramado sintético do Allianz teve algum impacto nessa lesão? Os médicos te passaram algo de que se fosse num gramado natural poderia não acontecer algo como foi?
– É difícil cravar. Não tem como saber. O que posso afirmar é que foi um impacto muito grande. Os médicos me disseram é que foi um “trauma de painel”, que eles chamam, “lesão de painel”. Como quando você está dirigindo um carro, bate e o painel do carro bate muito forte aqui nesse joelho.
– Foi isso o que aconteceu. Quando caí, bati muito forte no chão e aí acabou causando muita dor. No dia seguinte não conseguia nem dobrar a perna direito. É difícil saber se no gramado natural iria ter menos impacto ou não. São coisas que não temos como cravar.
ge: E como você se sente agora? Ainda tem dores?
– Sinto um pouco de dor ainda, mas é natural. Todo atleta vive com dores (risos). O que mais estou sentindo é a falta de ritmo, me sentindo meio “peixe fora d’água ainda”. Mas vou recuperando e lidando com as dores também.
Lucas Moura com a bola em treino do São Paulo no Peru — Foto: Rubens Chiri/saopaulofc
ge: Foi a lesão mais chata da sua carreira?
– Foi uma das. No Tottenham tive uma bem chata no calcanhar esquerdo já no meu período final lá. Essa foi chata também, mas poderia ter sido algo muito pior. Foram semanas difíceis, meu habitat é dentro de campo. Mas agora estou recuperado, preciso de alguns jogos pra recuperar a forma física, mas o pior já passou.
ge: Neste período que você ficou fora, o São Paulo não perdeu, mas enfileirou alguns empates… E a gente percebe um movimento, principalmente nas redes sociais, de pressão sobre o Zubeldía. Como vocês, atletas, recebem e lidam com isso? Como é o trabalho com ele no dia a dia?
– O contato com ele é o melhor possível. O treinador tem totalmente o apoio do elenco. O dia a dia com ele é muito agradável, muito bom. Todo mundo gosta muito dele. Ele joga junto, vibra junto. A questão dos empates é aquilo de copo meio cheio ou meio vazio. Óbvio que acaba incomodando, falei isso contra o Fortaleza. Muitas vezes o desempenho tem sido melhor do que os resultados. Não estamos conseguindo combinar isso e acabamos cedendo gols no fim dos jogos…
– Criamos e não marcamos, por exemplo. É claro que incomoda. A gente sempre quer a vitória. Tenho certeza de que estamos crescendo, evoluindo como grupo e contamos com o retorno de jogadores, como Oscar, Arboleda, também para melhorar nosso nível.
Zubeldía em São Paulo x Fortaleza — Foto: Marcos Ribolli
ge: Por causa da sua lesão, alguns garotos passaram a ser utilizados. Lucas Ferreira, Alves… Como você, um jogador que também saiu de lá, vê o surgimento desses garotos de Cotia? E como você ajuda eles com sua experiência?
– O São Paulo tem uma mina de ouro em Cotia. Gosto de estar com eles, gosto de incentivar, estar perto, ajudando. Minha relação com esses meninos é a melhor possível. Procuro ajudar no que posso. Às vezes uma situação num treino, um posicionamento. Ou no jogo, um lance… Enfim, toques normais que a gente aprende. Erros que eu também cometia quando era mais novo, que posso passar para eles. Muitas coisas aprendemos ao decorrer da nossa carreira e são coisas normais no futebol.
ge: Como você está prevendo esse jogo contra o Alianza Lima, importantíssimo para já encaminhar uma classificação para a próxima fase?
– Sem dúvidas, o objetivo é chegar, fazer um grande jogo. Conseguir garantir essa classificação, levar os pontos para casa. Temos totais condições para isso. Mas vai ser um jogo duríssimo. No Morumbis fizemos um excelente primeiro tempo, mas, como qualquer um de Libertadores ou de outras competições, se você deixar o adversário gostar do jogo, ter esperança e crescer, vão complicar como fizeram conosco lá (o jogo terminou empatado por 2 a 2).
– Vamos entrar concentrados, ligados, se tivermos a chance de matar o jogo temos que matar. Estamos preparados para fazer um bom jogo e levar os três pontos para casa.
Paolo Guerrero comemora gol do Alianza Lima, pela Libertadores — Foto: ERNESTO BENAVIDES / AFP
ge: Vai de titular?
– Não sei, ainda vamos treinar (o treino da última segunda-feira, já em Lima). Vamos ver o que o treinador tem em mente. Mas vou fazer de tudo para ajudar o grupo, seja como titular ou no decorrer da partida, estou pronto para ajudar.
ge: Neste período em que você ficou fora, mudou muito o jeito de o time jogar. Como você acha que pode se encaixar?
– Vai depender muito do adversário sempre. Zubeldía encontrou um jeito, mas temos outras opções. Ele tem usado Ferraresi como lateral, entrando com três zagueiros, é importante ter variações. Em relação a mim, posso jogar onde for, pela direita, pela esquerda, pelo meio. Importante é ajudar o São Paulo e ele sabe que pode contar comigo nisso. Mas vai depender dos pontos fortes e fracos do adversário. Vamos conversar e definir onde sou produtivo.
ge: Perguntamos sobre o gramado sintético. É um movimento que vocês fizeram. Queria saber em que pé está isso. Se vocês jogadores continuam conversando… As manifestações num primeiro momento foram maiores, é natural que vá diminuindo com o passar do tempo. Como tem sido isso? Vocês conversam?
– A gente conversa sobre o tema ainda, mas agora é difícil pensar em um próximo passo. Lançamos o movimento para vermos a repercussão e o que poderia ser feito por parte de entidades, presidentes. Não foi um movimento pequeno, teve uma repercussão gigantesca. Infelizmente, algumas pessoas desviaram o foco.
Por Bruno Giufrida, Filipe Cury e Tatiana Bueno — Lima, Peru